quinta-feira, 14 de junho de 2012

Reverse dungeon e vilões: outra perspectiva de RPG

Por Natalia Avernus

Matar monstros, explorar dungeons, aprisionar demônios, salvar o reino... Todos são feitos muito comuns das mesas de fantasia medieval em geral e certamente há bastante diversão em ser “herói”. Mas e se de repente você passasse para o “outro lado”? Ser um monstro (poderoso ou não), viver em uma dungeon, libertar/servir demônios, ameaçar o reino...
Reverse dungeon é, na verdade, um livro lançado em 1990 para AD&D. Consiste em três minicampanhas interligadas: goblins se protegendo de um ataque de heróis em seu covil; monstros defendendo seus cofres que foram atacados; mortos-vivos regidos por um lich defendendo seu covil de um ataque de clérigos.

O livro acabou dando nome ao gênero, que é muito pouco jogado de uma maneira geral. Sabe-se lá por que a maioria dos jogadores de RPG prefere o usual grupo heróico. De qualquer forma, o Reverse Dungeon está aí e apresenta uma opção para quem está querendo variar bastante, seja em apenas uma aventura ou até mesmo uma longa campanha! Embora tenha sido feito para AD&D, qualquer sistema de RPG pode comportar esse estilo.

* O quão “reverse” será? Deve haver vários motivos para a maioria dos jogadores não quererem jogar este estilo e acredito que um deles é não querer realmente interpretar alguém tãããão mau. Uma coisa é ser um “vilão” ladino membro de uma gananciosa guilda, outra coisa é ser um cultista de uma entidade que exige sacrifícios humanos, torturas, etc.

O mestre deve definir muito bem com o grupo (principalmente se estiver planejando uma campanha) a natureza do jogo e o que os jogadores devem esperar, por que um jogo desses pode ser realmente pesado e não são todos que tem psicológico para isso.

Vampiro: a máscara, devido ao grau de “peso” na temática, é recomendado para maiores de 18 anos e talvez seja adequado o mestre inserir esta censura também.

* Tipos de personagem: Eis outro ponto forte deste estilo: há inúmeras opções de personagens. Desde o reles kobold, passando pelos goblins, orcs, medusas, licantropos, lichs... Sem contar as raças clássicas, só que interpretando ladrões, assassinos, cultistas, magos malignos, conspiradores, bárbaros invasores...



 Há também uma nova possibilidade, principalmente quando se joga com personagens fracos: controlar mais de um personagem. No livro Reverse Dungeon, a primeira minicampanha é feita com cada jogador controlando três goblins! Evidente esta interpretação dificilmente poderá ser simultânea, mas o mestre pode dividir os personagens e cada um estar em ação em diferentes locais.



 
* Opções de aventura: Embora o foco possa ser em um local específico, há inúmeras possibilidades, principalmente na modalidade “vilões”. Algumas opções são:

- Monstros defendendo seu lar e seus tesouros (talvez comandados por um rei da raça, mago, dragão, etc).

- Cultistas de uma entidade maligna que protegem seu esconderijo e fazem missões relacionadas aos desejos e objetivos de sua entidade.

- Magos inescrupulosos que fazem suas magias em benefício próprio e prejudicam de alguma forma a sociedade.

- Bárbaros invadindo e saqueando livremente aldeias desprotegidas.

- Ladinos gananciosos de uma guilda.

- Assassinos impiedosos de uma guilda.

- Um grupo misto de monstros errantes (inteligentes ou nem tanto) que andam pelo mundo em missões inescrupulosas ou simplesmente saqueando tudo o que vêem pela frente.

- Piratas que fazem suas riquezas saqueando navios mercantes.

- Conspiradores/espiões que tramam algo sombrio ou trabalham para uma força maligna.

* Como fazer uma campanha estilo Reverse Dungeon de D&D: Encontrei há um tempo atrás este texto no e-how e traduzi aqui por que ele traz dicas preciosas para uma campanha deste estilo. Vamos ao texto:

Lar, doce lar

- Prepare uma dungeon grande, com vários níveis e desenhe um mapa de todo o complexo usando papel quadriculado, de modo que os jogadores terão uma representação física para visualizar durante o jogo. Começe com um prelúdio sobre porque os monstros que eles estarão jogando estão habitando a dungeon e crie um motivo para um grupo de aventureiros quererem saqueá-la.





 


- Permita que os jogadores controlem vários monstros de uma só vez se eles vão estar jogando com criaturas mais fracas, como kobolds ou goblins. Um único personagem por jogador pode ser mais adequado se eles estão usando monstros mais fortes, tais como vampiros, devoradores de mente ou gigantes.

- Forçe os jogadores a pensar minuciosamente em suas fortificações como os monstros fariam em uma campanha normal. Kobolds montariam várias armadilhas e escavariam túneis profundos, enquanto que criaturas maiores e mais inteligentes como lichs ou dragões poderiam recrutar outros monstros ou mesmo mercenários humanos para proteger seus domínios.

- Que os jogadores possam voltar para os níveis mais baixos da masmorra se o grupo de aventureiros saqueadores superam suas defesas ou abatam seus monstros.

- Distribua pontos para que os jogadores usem para adquirir novos monstros, armadilhas ou itens se você quiser adicionar um elemento mais tático para o jogo. À medida que progredir através do jogo, dê-lhes mais pontos quando eles realizarem tarefas específicas ou derrotarem aventureiros que estão invadindo seu covil.

- Dê aos jogadores missões para completar e manter a sua dungeon, como conseguir alimentos para os monstros, roubar ouro da cidade vizinha para pagar mercenários, ou minerar metais para forjar novas armas e armaduras.

- Dê aos jogadores às vezes a chance de liderar grupos de monstros que vivem na dungeon. Peça-lhes para interpretar e convencer seus subordinados para lutar em uma batalha, incentivando-os a continuar lutando mesmo em situações difíceis.

- Pense fora dos limites da dungeon se você quiser manter a campanha funcionando por mais de uma ou duas sessões. Dê a chance dos jogadores assaltarem cidades, seqüestrarem moradores e fazerem uma trama diabólica que os heróis vão tentar frustrar.

***

Talvez a tarefa mais difícil ao se mestrar uma campanha Reverse Dungeon ou de vilões seja encontrar jogadores realmente dispostos. Começar com várias aventuras de uma sessão só para apresentar as diferentes temáticas (um dia jogamos com goblins, no outro com ladinos, etc.) é uma boa opção para os jogadores perceberem qual é a mais divertida e fazer da campanha uma lenda memorável!




Texto original em inglês do e-how http://www.ehow.com/how_4516962_run-reverse-dungeon-style-dungeons.html

Crédito imagem 1 swarm by aaeonmiller (Deviant Art)
Crédito imagem 2 Ambush by UdonCrew (Deviant Art)
Crédito imagem 3 dungeon level 1 level concept d staircase by cloister (Deviant Art)

5 comentários:

  1. Dungeons Reversa [e uma das idéias mais divertidas que conheço em RPG. Boa postagem, Natalia.

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  2. Deveriam voltar a lançar esse tipo de livro. Deve ser legal de jogar usando Hackmaster.

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  3. Saiu o book of vile evil para D&D 4e agora que trata sobre campanhas malignas. Eu não curto muito e acho complicado manter uma campanha assim. É muiti difícil manter um grupo maligno em uma campanha, já que cada um vai querer ter seus interesses e dificilmente vão cooperar, a não ser que você os force fazer parte de alguma organização.

    Já campanhas com personagens não heroics, simples aventureiros em busca de fortuna, fama e glória, sem serem salvadores do mundo, curto bastante.

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  4. Na verdade não acho tão difícil manter unido um grupo maligno: se eles tem um ideal em comum e não forem tolos o suficiente para se autodestruírem, a idéia pode dar certo (só ver o número de organizações "malignas" no mundo real).

    Sobre cada um ter seus interesses, isso tb acontece em qualquer RPG que os personagens são feitos com um certo realismo.

    Esse negócio de salvadores do mundo já está bem batido né? :)

    ***

    Ih, quem diria, Luciano colocando as garrinhas pra fora >:)

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